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Banrisul: governo é blindado na ALERGS sobre fracasso da venda de ações

Uma conversa sem questionamentos profundos nem cobrança de medidas efetivas ao governo estadual sobre a nova tentativa de venda de ações ordinárias do Banrisul, cuja transação terminou não acontecendo. Assim pode ser definida a Reunião Ordinária a respeito da fracassada tentativa venda de papéis do banco, realizada na manhã desta quarta-feira, 25/9, na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do Estado.

“Nem o governo estadual nem o banco mandaram representantes àquela Audiência Pública do dia 04 de setembro, que era aberta a todos. Já a reunião desta quarta-feira terminou blindando o governo estadual sobre o problema, pois a sociedade civil, sindicalistas e funcionários do banco ficaram impedidos de questionar pontos obscuros do processo”, criticou o presidente do SindBancários. “Tivemos que ficar apenas ouvindo o secretário estadual da Fazenda responder aos deputados o que quis sobre a fracassada tentativa de venda e enfraquecimento do banco pelo governo Leite”, disse Everton Gimenis.

Valor de mercado

O secretário estadual da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso (de barba, à esquerda na foto ao alto), informou que o valor de mercado do Banrisul hoje está em torno de R$ 9,5 bilhões. “Isto representa cerca de 25% de seu patrimônio líquido, o que é um ótimo patamar para um banco público”, defendeu Cardoso. Garantiu que esta alternativa – privatização – não está sobre a mesa. Mas sobre a mal-sucedida venda de ações (cujo valor de compra despencou de presumíveis R$ 23,00 para R$ 18,50 cada papel e foi cancelada pelo governo), pouco falou.

Ele detalhou que o Estado contratou o Banrisul para vender as ações do governo. O banco, por sua vez, contratou três empresas para realizarem a oferta pública (através do Itaú, J.P. Morgan e Bank of America). Cardoso ressaltou que a comunicação da oferta das ações seguiu padrões do mercado. “E não houve falta de demanda. É comum o mercado pedir desconto em relação ao preço de tela, mas o desconto solicitado tornava impeditivo chegar ao patamar que o governo queria”, explicou. “O capital do Banrisul permanece igual: o mercado tem todas as ações preferenciais, e o estado praticamente todas as ações ordinárias (com direito a voto)”, disse.

Nova modelagem

O deputado Tiago Simon (MDB), um dos articuladores da Audiência Pública e da reunião desta quarta-feira, criticou: “Se o senhor tivesse comparecido à Audiência, no dia 4 (leia aqui sobre essa reunião na ALERGS), talvez o mercado tivesse apreciado mais as ações em oferta”, cutucou. E questionou: “Com esta crise financeira do estado, o governo Leite espera um novo momento para fazer nova oferta de ações do banco?”.

Marco Aurélio Cardoso foi direto. “Não temos perspectiva de voltar a isso em curto prazo”, declarou. “Acho que só voltaríamos a esta alternativa em uma nova modelagem”, garantiu, sem explicar como seria.

Gastos sem retorno

Respondendo a uma indagação do deputado Fernando Marroni (PT), o secretário da Fazenda disse que o estado gastou cerca de R$ 7 milhões em viagens internacionais, hospedagens etc., na tentativa de vender as ações. Além disso, o representante do governo estadual reconheceu que mesmo que a oferta de ações tivesse acontecido, isso não resolveria os problemas do Rio Grande do Sul.

“A venda de ações ou a privatização do banco seria só uma parte de um ajuste maior. Necessitamos de uma reforma estrutural, equilibrando receitas e despesas. O que precisamos fazer é uma reforma da Previdência e outras medidas”, generalizou o secretário Cardoso. Mesmo assim, contraditoriamente, disse que o RS não está deficitário.

O deputado Fernando Marroni formulou uma pergunta: “Todos dizem que o Banrisul é a o maior ativo do RS, e o senhor disse que os mercados querem ativos. Além disso, o banco é também uma das mais importantes alavancas de desenvolvimento do estado. Vendê-lo não prejudicaria o desenvolvimento?”.

Sebastião Melo (MDB) completou: “O Banrisul público cumpre um papel que um banco privado não faria e não faz. Mas se o governador mudou de ideia e quer vender o banco, não pode terceirizar esta decisão para a Assembleia Legislativa”, alfinetou.

Contradição

Fabio Ostermann (Novo) disse que não é possível pagar salários e outras despesas ordinárias com receitas extraordinárias, como Eduardo Leite chegou a justificar, quando divulgou a intenção de vender ações do banco – contrariando o que dissera na campanha eleitoral.

O secretário estadual da Fazenda concordou que este modo seria insustentável, mas defendeu esta e outras formas de obter receitas extraordinárias para abater os custos que o estado não sabe como enfrentar – e nem pensa em cobrar as grandes empresas devedoras de impostos e fortalecer a luta para obter a devolução de recursos federais devidos ao estado.

Fonte Sindbancários

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