Saiba como a forma de gestão dos bancos afeta a saúde mental dos bancários e bancárias
A Contraf-CUT, através da sua Secretaria de Saúde do Trabalhador, realizou uma pesquisa em conjunto com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB) para saber de forma aprofundada como a categoria está afetada mentalmente em função da forma como os bancos fazem sua gestão, causando diversas patologias nos seus funcionários.
A pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário” evidencia, através de dados alarmantes, que a forma de gestão adoece a categoria. São em torno de 80% trabalhadores do ramo financeiro com, pelo menos, um problema de saúde relacionado ao trabalho apenas no ano de 2023. Destes, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico.
A pesquisa, que contou com a participação de 5.803 bancários de todo o Brasil, foi coordenada pela Dra. Ana Magnólia Mendes, que é professora Titular da Universidade de Brasília no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho e Coordenadora do Grupo de Pesquisa “Psicanálise e Crítica Social do Trabalho” e do projeto de Atendimento Clínico Trabalhadores no Divã, entre outros títulos, bem como autora de diversos livros.
A pesquisa foi dividida em 4 escalas: discursos e práticas de controle no trabalho bancário; relações de trabalho em bancos; patologias do trabalho bancário e sintomas de adoecimento. Na primeira escala, concluiu-se que os bancos fazem uma gestão personalista, com uso de artifícios discursivos que produzem obediência, identificação e adesão às práticas de gestão caracterizadas pelos métodos de vigilância e de excelência pouco racionais e sem considerar os limites humanos.
Sobre as relações de trabalho em bancos, o destaque é para o fato de que são extremamente competitivas e produtivistas. Para a professora, essas relações são “marcadas pela exclusão dos funcionários na tomada de decisão da organização, pelo cerceamento da autonomia no trabalho, pela distribuição injusta, pela indefinição de tarefas e pela presença de disputas profissionais no local de trabalho estimuladas pela chefia, intensificam a violência no trabalho.” Além disso, “as relações produtivistas são caracterizadas pelo foco em metas, pela cobrança por resultados, pela pressão intensificada pela vigilância de resultados e também pela insuficiência de pessoas para realizar as tarefas que contribui para um ritmo de trabalho excessivo”, afirmou.
Na escala “Patologias do trabalho bancário”, há sobrecarga de trabalho e violência, que geram o adoecimento dos trabalhadores, última escala da pesquisa. Os principais resultados obtidos através da pesquisa indicam a presença intensa de todos os fatores e riscos psicossociais, tratando-se de situação crítica que indica a alta ocorrência de situações associadas a um modelo de gestão pautado no controle e na vigilância, causando patologias da sobrecarga e da violência e múltiplos sintomas de adoecimento no nível físico, psicológico e social, caracterizando a presença de assédio organizacional.
Para o secretário de Saúde da Fetrafi-SC, Orlando Flávio Linhares, é urgente promover ainda mais formação aos dirigentes para que conheçam de forma aprofundada as relações entre patologias e trabalho, realizar debates voltados para a escuta política do sofrimento no trabalho e criar canais que permitam sistematizar as queixas dos trabalhadores para buscar soluções para quem sofre, assim como recomenda a pesquisa.
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