Um dos desafios que os dirigentes da Fetrafi-RS, do SindBancários e de Sindicatos do Interior que participam das mesas temáticas de construção de um acordo coletivo para o teletrabalho no Banrisul se impuseram é deixar clara as responsabilidades sobre os efeitos do teletrabalho na vida dos colegas. Quem está em home-office e, porventura, adoecer, terá que ser responsabilizado pelo seu adoecimento?
Essa pergunta e outras dizem respeito à necessidade de haver normas comportamentais e de orientação para desempenho das funções em casa. Esse foi basicamente o ponto central do debate sobre teletrabalho na segunda reunião temática por videoconferência na terça-feira, 13/10. Além das questões de saúde, os dirigentes deixaram claro que um acordo para o teletrabalho precisa ter o espírito da corresponsabilidade.
Isso significa que, assim como o(a) bancário(a) terá responsabilidade de seguir as normas, o banco terá responsabilidade de dar condições de trabalho e para que essas normas sejam cumpridas. Além de fornecer confiabilidade para o trabalho via internet, será necessária a criação de um canal direto de orientação e comunicação constantes, para tirar dúvidas e até mesmo estarem atentos a questões de gênero, como a violência doméstica.
Os representantes do banco na mesa de negociação se dizem cientes dessa responsabilidade. Indicaram que já estão tomando providências nesse sentido. Setores já estão sendo estruturados para atender e promover adaptações a essas mudanças.
O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, pontuou a importância de deixar claras as responsabilidades de todos, especialmente o papel do banco de dar condições de trabalho. “O espírito deve ser o da co-responsabilidade. O banco precisa fazer acompanhamento constante dos profissionais em teletrabalho, pois o bem estar do empregado é também importantes para os objetivos da empresa. Tem que ser bom para todos para dar certo. E garantir a saúde e a segurança dos funcionários é uma responsabilidade inerente ao empregador, tanto dentro quanto fora das dependências da instituição”.
O diretor da Fetrafi-RS, Fábio Alves, levantou a questão da responsabilidade pelo adoecimento. “É importante estabelecermos responsabilidades e de haver programas de educação para algo que é novo para todos como é o caso do teletrabalho. É preciso lembrar a pessoa de que ela precisa cuidar da saúde. Mas o banco também tem reponsabilidade em fornecer equipamentos adequados. Porque, no futuro, o banco pode dizer que o funcionário fez alguma coisa que causou a sua própria doença”, descreveu.
O presidente do Sintrafi, de Santa Catarina, Cleberson Pacheco Eichholz, lembrou que a leitura do acordo coletivo fechado pelos colegas do Bradesco, tendo como princípio regular o teletrabalho, finalizado na reunião da terça-feira, tem como fundamento ser um parâmetro que precisa ser aperfeiçoado. “É um parâmetro mínimo. Temos obrigação, após essa negociação, de construir um acordo melhor do que este”, pontuou.
A diretora da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim, lembrou da história de combate a doenças de LER/DOR por esforço repetitivo e toda a construção em debates de normas para atacar o problema. “O banco já tem um olhar para isso. Mas precisa ter um olhar maior na pandemia. Dos debates que fizemos, conseguimos demonstrar a importância em investir em ginástica laboral”, recordou.
Manutenção da confidencialidade
Um dos temas recorrentes e que suscita grande preocupação dos dirigentes é quanto à segurança na rede. Os diretores evocam um princípio da manutenção da confidencialidade. E isso tem a ver com a segurança do sistema que precisa ser praticamente imune a invasões pelas redes domésticas de quem está em home office.
A diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, comparou as maiores eficiência e segurança da rede nos sistemas físicos e presenciais do banco. “Sei que o sistema do Banrisul é seguro. Mas, cada vez mais, a gente tem notícias de todo tipo de invasão por hackers e haters (personas que costumam perseguir alvos na internet com o objetivo de constranger e causar medo por meio da disseminação de ódio)”, detalhou.
A diretora do SEEB Santa Cruz do Sul, Mariluz Carvalho, chamou a atenção para algo que pode muito bem minimizar essa preocupação. “Se o colega usar uma máquina só para trabalhar para o banco, a segurança aumenta muito”, salientou ela, retomando os debates sobre o banco fornecer equipamento para o trabalho no home office.
O banco respondeu que essa questão está sendo considerada em um Grupo de Trabalho criado especialmente para discutir o teletrabalho.
Violência doméstica
Mas a questão técnica não resume as preocupações dos representantes dos banrisulenses em relação ao teletrabalho. A diretora Denise chamou a atenção para uma verdadeira epidemia de violência. Trata-se da violência doméstica cujas vítimas, as mulheres, precisam dispor de um canal para denunciarem e terem a liberdade de voltar a trabalhar em uma agência se assim desejarem. É preciso acolhimento.
O home office tende a fazer com que essa chaga que atinge as mulheres aumente. “Trabalhando em casa e convivendo mais com o agressor aumenta a possibilidade de haver agressão. O maior problema de violência contra a mulher está em casa”, acrescentou Denise.
Representaram o Banrisul na reunião da terça-feira, 13/10, sobre teletrabalho o negociador Fernando Perez, o superintendente de RH, Gaspar Saikoski, e o assessor jurídico Raí Mello.
Fonte: Imprensa SindBancários
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