Ocorre que, da forma como estão sendo realizadas, as transferências estão causando grandes impactos, tanto para os trabalhadores atingidos como para a empresa.
A Caixa Econômica Federal presta relevantes serviços à sociedade brasileira, promovendo a cidadania e o desenvolvimento sustentável do País. O objetivo da atual direção do banco, que está sob o comando da equipe econômica de Bolsonaro, é destruir a instituição para abrir caminho à tão desejada privatização, já proposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Tais medidas estão sendo colocadas em prática num momento complexo e sem a devida transparência, o que dificulta ainda mais uma reação por parte dos trabalhadores. A percepção é que trata-se de uma movimentação discriminatória, forçando a adesão ao programa de desligamento voluntário, cujo público-alvo principal são os empregados com funções incorporadas e os aposentados pelo INSS.
A Direção da Fetrafi-SC já acionou a assessoria jurídica para encaminhar representação junto ao Ministério Público do Trabalho, além de uma denúncia ao Comitê de Ética da empresa. Apesar de ser uma iniciativa importante, pode ser insuficiente diante da gravidade e profundidade do que vem sendo praticado pela direção da CEF. Os ataques aos trabalhadores tornaram-se uma prática constante do governo Bolsonaro, que somente será combatida com um forte processo de mobilização dos empregados e da sociedade em defesa do patrimônio público.
Confira a seguir o conteúdo da carta na íntegra:
Florianópolis, 09 de dezembro de 2020.
À
Caixa Econômica Federal
Sr. Pedro Duarte Guimarães
Presidente
Brasília – DF
Assunto: Reestruturação e transferências de empregados da Caixa Econômica Federal
Prezado senhor,
Vimos recebendo denúncias e estamos acompanhando de perto o que vem acontecendo nas filiais e centralizadoras de todo o país, além de áreas da matriz, onde iniciou-se um movimento de transferência de empregados lotados nestas áreas para agências.
Os empregados que foram comunicados das transferências têm, em comum, o fato de possuírem função incorporada, já estarem aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS ou bem próximo. O fato é extremamente preocupante e inaceitável. A percepção é de que o objetivo desta movimentação é discriminatório, além de forçar a adesão ao programa de desligamento voluntário, cujo público-alvo principal são os incorporados e os aposentados pelo INSS.
A reestruturação que visa atingir os aposentados e os incorporados é relatada nacionalmente, causando pânico nos empregados. Na mesa de negociação, no dia 03 de dezembro de 2020, os representantes da Caixa negaram qualquer processo de reestruturação, indicação contraditória frente o que estamos observando na prática, as denúncias nacionais e a alteração do normativo interno MN OR005, vigente desde 07 de dezembro de 2020, que estabelece a nova estrutura organizacional da empresa (reestruturação).
As denúncias apontam o tempo exíguo para opção do novo local de trabalho, bem como questionam os critérios discriminatórios do “público-alvo” e a falta de transparência e de respeito para com os envolvidos. A forma de conduzir e proceder da direção da Caixa em relação a tais alterações prejudica sobremaneira as relações de trabalho na empresa.
Desta forma, requeremos a imediata suspensão deste processo de transferências e o estabelecimento de uma mesa de negociação para a direção da Caixa fornecer informações e debater os impactos da reestruturação, principalmente na vida funcional dos empregados, conforme prevê a cláusula 47 do Acordo Coletivo de Trabalho, subscrito pela Caixa.
Atenciosamente,
Jacir Antonio Zimmer
Coordenador da Secretaria Geral
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