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Plenária dos Banrisulenses debate proposta de reestruturação apresentada pelo banco

Foto do escritor: daianicerezerdaianicerezer

A atividade virtual contou com a presença de cerca de 700 funcionários do banco


A Fetrafi-RS e o SindBancários realizaram uma Plenária Nacional dos Banrisulenses na noite desta quinta-feira, 23, para abordar a reestruturação proposta pelo banco. Mais de 700 funcionários do Banrisul participaram da atividade, que buscou debater a forma que o banco quer remodelar cargos e funções comissionadas alterando a jornada de trabalho.


O presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região Metropolitana, Luciano Fetzner, e o presidente do Sintrafi Floripa, Cleberson Eichholz, ambos funcionários do Banrisul e membros da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do banco, coordenaram a atividade, que aconteceu de forma virtual.


Abrindo a Plenária, o economista do Dieese/RS, Alisson Droppa, apresentou algumas considerações sobre a proposta de reestruturação do quadro de funções do Banrisul.


Sobre a reestruturação de funções, explicou que a fusão de diversas funções em ‘Gerente de Relacionamento’ pode implicar a perda de especialização nas atividades desempenhadas anteriormente, além de possíveis sobrecargas de trabalho. Droppa ainda alertou que não há uma descrição detalhada das novas responsabilidades, o que gera incertezas sobre como será o dia a dia de trabalho. A COE já solicitou ao Banrisul a descrição das atividades desenvolvidas anteriormente e as novas atribuições das funções, mas ainda não foram enviadas pelo banco.


Referente aos impactos financeiros que a reestruturação causaria na remuneração dos trabalhadores, o economista destacou que “os trabalhadores com menos de 120 meses de comissionamento teriam perdas que fariam de 11% a 36% dependendo da função, do enquadramento no artigo 79 e recebimento de ADI.” Na Direção Geral, por exemplo, as gratificações propostas apresentam quedas superiores a 50% nas diversas funções, impactando diretamente a renda dos trabalhadores. Isso também poderia impactar na PPR, devido à composição do cálculo individualizado que tomam como padrão a gratificação de cada função.


No que tange aos Operadores de Negócios, haveria um aumento pontual na gratificação, o que representa um avanço. Porém, o banco já sinalizou que irá propor alterações no ACT-PPR, portanto não se sabe se o ganho no valor da função será mantido. Essas alterações ainda não foram apresentadas pelo banco.


Para o economista, “é preciso que sejam feitas simulações detalhadas porque as já fornecidas não abordam todas as faixas e cenários possíveis. Isso dificulta que os trabalhadores compreendam o impacto real das mudanças em suas remunerações. Além disso, a proposta não é totalmente transparente. Não há evidências de um plano para mitigar os impactos negativos sobre os trabalhadores.”


Finalizando, Droppa enfatizou que os trabalhadores com maior tempo de função (120 meses) e os Operadores de Negócios são relativamente menos afetados, mas os demais enfrentam perdas significativas, o que possivelmente irá gerar desmotivação no ambiente de trabalho.


A atividade proporcionou que os participantes pudessem fazer seus questionamentos, tirar suas dúvidas e entender melhor o que o banco dos gaúchos pretende com a proposta de reestruturação. Após muitos banrisulenses expressarem suas opiniões, o presidente do Sintrafi Floripa, Cleberson Eichholz, explicou que tudo foi anotado para ser encaminhado ao banco, até porque muitas das alterações que estão sendo propostas não foram bem explicadas nem mesmo pelo Banrisul.


Além disso, esclareceu algumas dúvidas e ressaltou que essa é apenas uma proposta inicial do banco. “Neste momento, participamos das negociações nacionais e há um embate muito forte entre a Contraf, o Comando Nacional e a Fenaban relacionadas a essa questão da concorrência, ou seja, bancos versus fintechs versus cooperativas, enfim, em que defendemos a aproximação dos direitos para cima e não para baixo. Os bancos têm tentado reduzir direitos e reduzir salários para aproximar do que se tem hoje nas cooperativas. O nosso movimento é o inverso, a gente quer trazer os trabalhadores de cooperativas e colocar embaixo do guarda-chuva da nossa Convenção Coletiva de Trabalho porque eles fazem exatamente a mesma coisa. Não é justo que um trabalhador do Sicredi, que faz exatamente a mesma coisa que um trabalhador tenha menos direitos, receba menos. Nesta queda de braço, nacionalmente estamos disputando isso também.”


Já para o presidente do SindBancários POA, Luciano Fetzner, a principal questão é não aceitar a redução de salários que o banco propõe. “Não é razoável porque não faz o menor sentido eles apresentarem uma redução de jornada em que as pessoas continuam fazendo a mesma função, exercendo o mesmo cargo com as mesmas responsabilidades, mas recebendo uma gratificação inferior para executar essa função. Só podemos aceitar uma proposta que não trouxer perda para ninguém. O banco sequer nos dá uma contrapartida, ele tem que nos dar algo em troca, não nos tirar. É preciso ter clareza em relação ao que defendemos no sindicato: as mudanças devem ser boas para todos, temos que olhar para o todo nesta hora.”


A Plenária foi o pontapé inicial na negociação sobre redução de jornada e demonstrou o engajamento de colegas de todas as funções do banco, deixando claro que os trabalhadores do Banrisul não estão dispostos a aceitar reduções de salário ou perdas de direitos.

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