Plenária dos Funcionários do Banco Itaú debate sobre emprego, remuneração, saúde e assistência médica
- daianicerezer
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A Fetrafi-SC realizou, nesta quinta-feira, dia 29, a Plenária Estadual dos Funcionários do Banco Itaú, com debates sobre emprego, remuneração, saúde e assistência médica. A atividade contou com a participação de Valeska Pincovai, Coordenadora nacional da COE Itaú, e Luciana Duarte, Coordenadora do GT Saúde, que detalharam os desafios enfrentados atualmente pelos trabalhadores do banco.
Valeska Pincovai abriu sua fala destacando o fechamento acelerado de agências físicas. O Itaú fechou 222 agências em 2024 e 114 só nos primeiros cinco meses deste ano. Ela explicou que, embora o banco tenha criado 343 postos de trabalho em 2024, a maioria das vagas está concentrada em áreas como tecnologia, enquanto agências tradicionais são desativadas. "Quando transferem funcionários, muitos acabam perdendo o emprego. E o banco não é transparente sobre essas realocações", afirmou.
A terceirização também é outro ponto crítico. Valeska alertou que o Itaú vem seguindo os passos do Santander, terceirizando setores como atendimento e tecnologia. Há cerca de cinco anos, o banco comprou uma empresa do setor de TI e, segundo ela, há indícios de que querem terceirizar toda esta área. Atualmente, são aproximadamente 14 mil trabalhadores neste setor no Itaú.
Outro problema grave é a segurança nas "agências de negócios", que não têm caixas físicos nem vigilantes. "Eles dizem que não entra dinheiro, mas já pegamos casos em que o numerário é abastecido dentro da agência, expondo os funcionários a riscos", relatou.
Sobre remuneração, Pincovai foi enfática ao criticar o programa GERA, que define metas variáveis. Ela citou metas irreais, falta de transparência e rankings abusivos que expõem funcionários. "As metas trimestrais aumentaram absurdamente, e os gestores usam o programa para pressionar. Já apresentamos áudios de gerentes constrangendo equipes", revelou.
Já Luciana Duarte expôs graves problemas enfrentados pelos funcionários do Itaú na área de saúde. Ela destacou a precariedade do canal de denúncias do banco, onde há quebra de sigilo e falta de proteção aos denunciantes de assédio moral. "Funcionários relatam que gestores descobrem as denúncias e expõem os denunciantes. Já houve casos de demissões após denúncias", disse.
Além disso, criticou as clínicas médicas terceirizadas. Segundo ela, o bancário chega para fazer exames médicos de retorno ao trabalho, o exame periódico, e já está lá assinalado apto ou inapto, pedindo para o trabalhador apenas assinar. “Isso é um absurdo”, diz.
Luciana também mencionou a falta de transparência no fluxo de afastamentos, com trabalhadores perdendo direitos por desconhecimento de prazos e obrigações. O banco criou uma cartilha online, mas ela ignora questões cruciais, como a emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e os direitos dos adoecidos. Enquanto isso, o Itaú segue investindo em medidas que, segundo a dirigente, visam "limpar" os funcionários doentes, como a compra de estabilidades e a convocação seletiva para avaliações médicas.
Outro ponto polêmico abordado foi a implementação de juntas médicas para avaliar a complementação salarial de funcionários afastados por problemas de saúde. Luciana denunciou que o banco tem usado essas juntas para cortar benefícios, principalmente de trabalhadores com transtornos mentais ou doenças ocupacionais, como LER/DORT. Apesar de o banco alegar seguir a Norma Regulamentadora NR1, que inclui riscos psicossociais, a prática tem sido vista como uma estratégia para reduzir custos, pressionando os empregados a voltarem ao trabalho em condições inadequadas.
Por fim, Luciana reforçou a importância da mobilização sindical para combater essas práticas, e citou a criação de uma Frente Parlamentar contra o assédio moral em Minas Gerais. No entanto, alertou para retrocessos, como a recente aprovação de uma lei que elimina portas de segurança em agências de negócios, aumentando os riscos aos trabalhadores.
A mensagem final foi clara: o movimento sindical continuará pressionando o banco por mudanças, mas a união da categoria é essencial para garantir direitos e condições dignas de trabalho.
A coordenação da atividade esteve a cargo dos representantes de Santa Catarina na COE Itaú, Ricardo Daniel (Seeb Araranguá) e Maria Cristina Burkard (Sintrafi Floripa). Todas as contribuições irão compor o relatório da Plenária e serão ratificadas na 27ª Conferência Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Santa Catarina, que acontece nos dias 13, 14 e 15 de junho em Florianópolis.